quinta-feira, 3 de abril de 2014

A culpa é do alface

Inflação no Brasil?

Há mais de um ano as pessoas reclamam que os preços vêm subindo nas feiras e supermercados.
O maior escândalo foi o tomate, essencial na mesa dos brasileiros que desejam comer bem.
Aqui ainda exite uma defesa, afinal, os preços de legumes e verduras, oscilam de acordo com a temperatura, índice de chuvas e tantas outras intempéries que possam existir. Isso é fato!

O mercado

Outro fato, que muitos tentam não entender, é a relação entre a oferta x demanda. Ocorre que, se nos últimos anos o desemprego está em baixa (ainda!) e os salários aumentaram muito mais do que a inflação, é óbvio que o consumo - a demanda - aumentará. O salário mínimo, por exemplo, era de US$ 72,07 em 2.003 e agora passa dos US$ 300,00!

E os preços?

Para atender tal demanda, precisamos ter maior oferta, mas em um país que a produtividade beira ao ridículo e onde o setor agropecuário é desrespeitado, sobra para o sacaneado de sempre, o consumidor. E aquele filme antigo - a inflação - volta a rondar a casa dos brasileiros.

1964 e Inflação

Tivemos por 21 anos um regime de exceção e 30 de inflação. Enquanto 1964 ainda causa revolta de alguns, a inflação é esquecida. Enquanto jovens que não viveram o acontecimentos de 1964 se fantasiam de protorevolucionários, não têm o mínimo de noção do que é viver baseado em OTN's, etc.

Aconteceu comigo

Um dia fui a feira e lá não estava a banca do meu amigo Japonês que compro há anos e que me conhece tão bem a ponto de me esperar com as verduras pré-embaladas.
O motivo de sua ausência? A falta de chuvas!

Uma semana depois

Na outra semana, lá estava o Japonês e sua ótima banca de verduras, mas sem muita diversificação. O motivo? A alta dos preços! Como ele mesmo disse: Se eu comprar, corro um risco grande de perder tudo!

No Brasil?

Questionei se o problema da alta de preços era ainda a falta de chuvas e, honestamente, ele disse que não! O motivo era a necessidade de aumentar os preços para conseguir arcar com os custos (empresariais e pessoais).

Qual a saída?

De forma sincera, ele me mostrou como estava se defendendo dessa situação: diminuir o tamanho do maço de alface, rúcula, agrião, espinafre, etc, quase pela metade e assim render mais a sua compra no Ceasa!

Isso é roubo?

O mais incrível é que nosso feirante informa aos clientes a forma que os vendedores de verduras estão fazendo para encarar a alta generalizada de preços. Se para alguns, Japonês tem perfil de empresário explorador, para mim, tem todo o meu respeito pela sua honestidade em evidenciar como um empresário sofre em um país que não está preocupado com duas áreas essenciais para uma democracia: a agropecuária e os empresários.

Por Marcelo Di Giuseppe

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